Por que nossos sofrimentos se repetem?
Um roteiro, um script de vida, é uma situação pela qual sofremos e continuamos aprisionados, por repetirmos padrões disfuncionais durante a nossa trajetória.
Por conta desta reprodução inconsciente de modelos e cenários de vida, podemos ficar presos a papéis sociais e relacionamentos insatisfatórios. Um exemplo clássico é o da mulher que se casa, várias vezes, com homens alcoólatras e tão violentos quanto à figura paterna.
Estas repetições automáticas, também podem ser observadas quando, no decorrer da vida, insistimos em reproduzir estereótipos e papéis fixos como o da mulher perfeita, o do justiceiro, o da eterna vítima ou vilão…
Será preciso entender nossas vivências e ter clareza emocional sobre o passado para que possamos ressignificar modelos e romper com estes padrões. E é na infância que encontramos o início da construção de nossa identidade e de amostras para futuros relacionamentos. Lares instáveis e famílias disfuncionais carregam crenças negativas que podem gerar adultos autodestrutivos, com diversos tipos de vícios, ansiedades, compulsões e relações tóxicas.
Na maioria das vezes, após anos de prejuízos afetivos, sociais e profissionais, é que começamos a questionar:
- Por que sempre me deparo com parceiros violentos e perversos?
- Por que nunca me sinto à vontade quando converso com autoridade?
- Por que estou com medo o tempo todo?
- Por que não posso me comprometer romanticamente ou profissionalmente?
Mas saiba que é possível trabalhar estas distorções com a psicoterapia cognitiva comportamental. Seus métodos aumentam as experiências positivas e permitem que mudemos nossas percepções disfuncionais.
A Psicoterapia Cognitiva
O psiquiatra e psicoterapeuta cognitivo comportamental, Jean Cottraux (2001), explica que mantemos nossos esquemas mentais como forma de evitação emocional e cognitiva.
Tais pensamentos automáticos e disfuncionais também ocorrem por compensação e podem ser reforçados pelas pessoas com as quais nos relacionamos. Por exemplo, um cônjuge que se submete aos caprichos do outro, egocêntrico e mimado, não permite que este último encontre motivos para mudar seu esquema tóxico.
Analisar nossas relações com maturidade emocional, olhar – se por inteiro, exige uma percepção apurada sobre a nossa história, valores e objetivos. Com o suporte terapêutico especializado será possível ressignificar o passado, romper com as repetições desses padrões prejudiciais e sair do casulo para transformar a própria vida.
Referências:
André, jacques. L’imprévu en séance, Gallimard, « Folio Essais », 2018
Jean Cottraux, La Répétition des scénarios de vie. Demain est une autre histoire, Odile Jacob, 2001.
Fotos: Pexels e Inah Catarina
Revisão do texto e adaptações : Caroline Marchesini -Mestre em Jornalismo
Arthur Prado-Netto , PhD em Psicologia pela Université de Paris, Sorbonne, Psicólogo Cognitivo Comportamental, professor da Universidade do Estado da Bahia, Guanambi e Bom Jesus da Lapa.
Como é difícil entender os sinais sem ajuda! Terapia salva vidas! Texto perfeito!