Seria Possível Substituir Psicólogos por Inteligência Artificial?
A Inteligência Artificial tem vindo a demonstrar um constante aprimoramento. Em novembro de 2022, a empresa norte-americana Oper AI lançou o Chat GPT de forma gratuita, enquanto em fevereiro de 2023 a Microsoft introduziu o Chat Bing. Ambas as ferramentas foram alimentadas com dados selecionados pelos seus desenvolvedores, permitindo que qualquer pessoa faça perguntas à sua escolha. A IA tem permeado diversos setores, inclusive a medicina, com destaque para a saúde mental. Tecnologias como aplicações para smartphones, o Chat GPT e chatbots têm emergido, levantando a questão: até que ponto essas inovações rivalizam em eficácia com o trabalho de um profissional da saúde mental?
Será que interagir com o Chat GPT pode realmente contribuir para o nosso bem-estar? Certamente, haverá vozes discordantes, uma vez que muitos acreditam que nada substituirá a conexão genuína entre indivíduos. No entanto, entre os aspectos positivos, os pesquisadores têm destacado pelo menos quatro pontos:
- Monitoramento da saúde, que abrange desde o acompanhamento de horários e dosagem de medicamentos até a manutenção de planilhas detalhadas.
- Tratamentos baseados em realidade virtual, que incluem o uso de dispositivos como fones de ouvido e óculos 3D para abordar questões como sono, estresse e fobias, proporcionando uma experiência terapêutica imersiva.
- Assistência diagnóstica e proposta de tratamentos terapêuticos, graças à análise ágil e precisa dos sintomas, comparando-os com vastas bases de dados. Isso possibilita a oferta de atendimento personalizado.
- Desenvolvimento de agentes de conversação, conhecidos como chatbots, que desempenham um papel crucial na prestação de apoio psicológico e na condução de exercícios terapêuticos. Além disso, o fato de não haver um ser humano real presente muitas vezes proporciona um ambiente seguro para discutir assuntos constrangedores (Transtornos sexuais por exemplo).
É interessante notar que algumas pessoas podem até desenvolver uma dependência emocional nesses chatbots. Essas tendências levantam a questão de até que ponto a interação com a IA pode verdadeiramente influenciar nosso bem-estar e saúde mental, considerando tanto suas potencialidades quanto suas limitações.
Mas quais seriam as desvantagens?
Lev Vygotsky (1896-1934) postulou em sua teoria sócio-histórica que ““Na ausência do outro, o homem não se constrói homem”. Como seres intrinsecamente sociais, reduzir o contato humano real pode acarretar em consequências para a nossa civilização, que evoluiu através de marcos como a descoberta do fogo, a invenção da roda, a criação da escrita, a inovação da impressão e a era digital.
É inegável que quanto mais interagimos socialmente, maior se torna nossa aptidão para resolver os desafios cotidianos. Entretanto, o uso excessivo de chatbots pode induzir à solidão e à dependência digital. Embora os chatbots possam ter relevância, é crucial que seu emprego esteja acompanhado de suporte psicológico fornecido por outro ser humano. Substituir esse tipo de interação é uma opção perigosa.
Adicionalmente, as novas técnicas não devem obstruir nossas oportunidades de sair e conhecer novas pessoas, que são essenciais para um desenvolvimento humano saudável. Portanto, é imperativo que essas inovações sejam monitoradas de maneira constante e criteriosa, a fim de assegurar que elas não detenham nosso convívio social.
No ano de 2022, os pesquisadores franceses Franchi et al. conduziram um estudo que comparou o psicodiagnóstico clínico tradicional com o diagnóstico por Inteligência Artificial (IA), denominado como “psi” virtuais. Os resultados obtidos indicaram que os “psi” virtuais revelam diversas lacunas e que a substituição direta de seus equivalentes humanos (psiquiatras, psicólogos) é um desafio considerável. A resolução de problemas nesse contexto pode ser influenciada por variáveis subjetivas, humor, ambiente de trabalho e experiência profissional.
No experimento, o robô demonstrou rigidez e uma tendência a seguir padrões predefinidos, o que resultou em um aumento no número de erros no diagnóstico de questões relacionadas à saúde mental. Além disso, estudos envolvendo acompanhamento psicoterapêutico com a utilização de IA indicaram que, em alguns casos, houve um agravamento dos sintomas depressivos. No entanto, os pesquisadores concordam que presença da inteligência artificial já é uma realidade em nosso presente, projetando-se também em nosso futuro. As indiscutíveis contribuições advindas desse avanço tecnológico têm o potencial de beneficiar não apenas os profissionais da área médica e psicológica, mas também os próprios pacientes. No contexto da saúde mental, a Inteligência Artificial pode ser habilmente utilizada para complementar as práticas clínicas, desde que sua integração seja realizada de maneira adequada. A harmonização destes recursos inteligentes com a prática clínica pode proporcionar uma abordagem abrangente e altamente eficaz para lidar com as questões relacionadas à saúde mental.
REFERENCIAS :
Franchi et al .“How Does Comparison With Artificial Intelligence Shed Light on the Way Clinicians Reason? A Cross-Talk Perspective” Frontiers in Psychiatry, junho 2022.
FOTO : PIXABAY
Arthur Prado-Netto , Psicológo CRP 03/7485, Doutor em Psicologia pela Université de Paris, Sorbonne, Terapeuta Cognitivo Comportamental, professor da Universidade do Estado da Bahia, Guanambi e Bom Jesus da Lapa.
I’ve been surfing online greater than 3 hours as of late, but I never discovered any fascinating article like yours.
It’s beautiful price sufficient for me. In my view, if all website
owners and bloggers made good content material as you did, the
net will be a lot more helpful than ever before.
My web blog … how to get more followers on instagram (wwd.com)
Thanks