Uso de Smartphone e Saúde Mental.
Você sabia que o Brasil é campeão no mundo de uso de Smartphone por dia?
O uso de smartphones e tablets aumentou quase 50% nos últimos dois anos devido à pandemia. Na maior parte do tempo, usuários estão utilizando seus dispositivos para acessar algum tipo de aplicativo, seja uma rede social, ou até mesmo algum jogo online.
Passamos em média cinco horas e meia por dia em nossos celulares, conforme mostra uma pesquisa realizada em 2021. Demorou apenas quinze anos para que esse aparelho se tornasse nosso “melhor amigo”, ou dependendo do ponto de vista adotado, uma prótese da qual dificilmente podemos nos livrar.
Por que há claramente um mal-estar? Basta olhar para o sucesso dos programas de desintoxicação digital que se tornaram um fenômeno da moda: algumas pessoas, de forma voluntária e consciente, optam por não usar um telefone celular (ou qualquer outro aparelho conectado à internet) por um determinado período. Estudos já evidenciam que o uso constante e contínuo das telas e, consequentemente, das redes sociais está diretamente ligado a uma crescente dificuldade de concentração.
Em 2015, Edson Tandoc, professor de comunicação da Nanyang Technological University em Cingapura, e seus colegas mostraram que, entre os jovens, o uso pesado do Facebook estava associado a sintomas depressivos. Isso acontece porque as pessoas tendem a se comparar constantemente com o que veem online, alimentando uma vontade de viver a vida maravilhosa do instagram, com filtro, boca avermelhada e pele plastificada, como nos desenhos animados.
Recentemente, procuradores-gerais de 44 estados da América escreveram ao fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, para compartilhar com ele os resultados de várias pesquisas que destacam a ligação entre o uso do Instagram e um aumento da depressão e suicídio na população mais jovem. A discussão aborda, também, o efeito tóxico da uma comparação recorrente entre jovens de mesma idade (em particular graças a um filtro conhecido como “cirurgia estética” para retocar suas fotos), que vem resultando em transtornos alimentares e transtorno da imagem do corpo.
MÖHRING-GEISLER (2021) postula que o vício em videogames (internet gaming disorder) seja incluído no anexo de pesquisa do DSM-5: os especialistas consideram, portanto, que a pesquisa ainda é insuficiente para definir o vício em videogames – na Internet – como um transtorno real, mas o configura enquanto uma das patologias que requer mais estudos científicos. Portanto, embora não se deva declarar precipitadamente que várias horas de uso diário do telefone celular seja patológico, é melhor manter um olhar atento.
Referências:
Junier H, Olano M (2017)
Pinna M (2021)
Möhring-Geisler (2021)
Stora M (2021)